sexta-feira, 13 de junho de 2008

RENATO GAÚCHO, QUANTA MUDANÇA!

Há 12 anos, quando Renato Gaúcho assumiu a função de técnico interino do Fluminense, muitos interpretavam a empreitada como passageira, típica de um treinador tampão. De fato, até então Renato tinha reduzidas credencias para a função de comandante. Seu histórico como boleiro, além da inquestionável qualidade técnica, era de irreverência e atitudes polêmicas. Topou até sair pelado para a revista masculina G Magazine. Evidente que o comportamento imprevisível do atacante induziu a maioria a subestimar sua capacidade como comandante de grupo, função que requer liderança, organização, planejamento tático e psicologia. Curioso é que Renato jamais deixou de falar a linguagem dos jogadores, com o diferencial de agora exigir profissionalismo. E surpreendeu. Nos tempos de boleiro, Renato era visto com freqüência na praia de Ipanema em peladas de futebol e futvôlei. E a mulherada ficava assanhada com os músculos bem distribuídos em 1,85m de altura e 85 quilos, e ele justificava a fama de mulherengo com as centenas de aventuras amorosas. Em 1994, em entrevista à revista Veja, Renato Gaúcho contou ter marcado 1000 gols fora do casamento sem esconder da mulher. E hoje, mais caseiro, constata que o homem conta mais vantagens de suas experiência sexuais para amigos do que há dez anos.
Aos 20 anos de idade, em 1983, conhecido como Renato Portaluppi, já era um jogador consagrado no Grêmio, após os dois gols na vitória por 2 a 1 sobre o Hamburgo da Alemanha, na conquista do Mundial Interclubes, no Japão. Era um ponteiro-direito que tanto sabia levar a bola ao fundo do campo, como fechar em diagonal para concluir jogadas. Valia-se da boa compleição física para suportar os trancos dos zagueiros adversários. Quando foi jogar no Flamengo, em 1986, ficou amigo inseparável do lateral-direito Leandro. E acreditem: tão logo o atacante foi cortado do selecionado brasileiro pelo técnico Telê Santana, após uma balada, Leandro também fez questão de se desligar do grupo. Renato era brincalhão, porém um encrenqueiro assumido. Em 1989, quando jogava na Roma, da Itália, desentendeu-se com o técnico sueco Nils Liedholn e voltou novamente ao Flamengo. Até com Romário, hoje seu amigo, teve desentendimento. Irritou-se com críticas do “Baixinho” em alguns jornais italianos, com posterior pedido de desculpa no jogo de despedida do Zico em Udine, na Itália.
De 1991 a 1994, teve passagem discreta pelo Botafogo (RJ) e, por isso, torcedores do Fluminense torceram o nariz quando os cartolas anunciaram a sua contratação, em 1995. Mas bastaram seis meses nas Laranjeiras para que se tornasse unanimidade. E o momento inesquecível foi na final do Campeonato Carioca de 1995, quando marcou o gol do título, na vitória dramática do Fluminense por 3 a 2 sobre o Flamengo. O Flu ganhava por 2 a 0, cedeu o empate e aquele gol dele, de barriga, aos 42 minutos do segundo tempo, fez o Estádio do Maracanã tremer. Como treinador, Renato foi amadurecendo. Antes, quando Romário esmurrou o zagueiro Andrei, companheiro de Fluminense durante um jogo, tratou de apaziguar a situação. Se dava motivos para desconfiança, contemporizando atrasos e ausências de treinos do amigo Romário, hoje sabe administrar a insatisfação de Dodô no banco de reservas. Melhor assim.

Crônica escrita por Ariovaldo Isac – Jornalista
E-mail:
ariovaldo-izac@ig.com.br

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