sexta-feira, 13 de agosto de 2010

GUARANI CAMPEÃO BRASILEIRO 78 - 32 ANOS

Era um domingo ensolarado. O jogo foi às 4 da tarde, horário nobre do futebol. Foram quase 30 mil almas torcendo pelo bugre. A primeira partida no Morumbi terminou com vitória do Guarani. 1 a 0. Gol de Zenon cobrando pênalti, após leão ter sido expulso por agredir Careca. Escurinho então atacante do Palmeiras foi para o gol. O Guarani entrou como favorito e apenas confirmou. Careca, naquele instante do futebol brasileiro, a maior revelação. Fez o gol do título! Talvez um dos maiores times brasileiros de todos os tempos. Me lembro que João Saldanha, jornalista e cronista esportivo, reivindicava da antiga CBD, o time do Guarani para representar a seleção na copa da Argentina. Dizia: _ A base do Guarani com alguns reforços pode ganhar a copa. O equilíbrio de Zé Carlos, experiente, tinha vindo do cruzeiro e era acostumado a disputar títulos. Um volante clássico, que defendia com elegância e armava com inteligência. Talvez o modelo ideal para a posição em todos os tempos. Pela grandeza do seu futebol deveria ter sido reconhecido como tal. Zenon, armador insinuante e técnico alimentava os gênios da equipe. Renato e Careca. Uma dupla de área comparável às melhores que tivemos no Brasil.

Vínhamos de derrota na copa do mundo. O famoso campeão moral sugerido por Coutinho, não era suficiente para consolar o torcedor brasileiro. Por isso o time do Guarani adquiriu uma enorme importância naquele momento. Representava os anseios do torcedor brasileiro pela beleza do futebol apresentado. Era prazeroso assistir aquele time. Foi um campeão reconhecido nacionalmente. Ganhou campos da América do Sul disputando a libertadores.

É muito justo que lembremos da data. Marca um fato inédito para o interior do Brasil, mas faz voltar à memória um dos grandes instantes do futebol brasileiro. Hoje temos os meninos da Vila. Naquele distante 1978, tínhamos os garotos do Guarani, irreverentes e encantadores na arte da bola!

João Carlos de Freitas

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PONTE 110 ANOS - MANTIDOS PELA PAIXÃO

Alguém um dia desses escreveu que é uma torcida que tem um time. É um pensamento digno de boa reflexão. Porque alguém iria amar e torcer com tanto fanatismo por um clube que ganha tão pouco? Muitas outras torcidas têm razões obvias e lógicas para se entregar à torcer. Vencem, comemoram títulos, têm grandes times, tudo que um torcedor busca na escolha de torcer. O próprio grande rival da Ponte comemorou tantos grandes momentos dentro do campo, inclusive um campeonato nacional, sem contar inúmeros grandes jogadores que encantaram o torcedor brasileiro. O torcedor da Ponte nunca passou por estas enormes emoções.Então, qual o mistério? Se soubesse responderia nessa crônica humilde. Contudo, freqüentando os estádios de Campinas ha quase 50 anos pude constatar algumas reações. Observei por exemplo que o pontepretano adora se juntar. Gosta da confraternização. O papo solto, mesmo que não seja sobre futebol, o aperto de mão, o abraço parece que tudo isso em nome da satisfação de estar reunido por causa da Ponte Preta. Convido aqueles que gostam de fazer do estádio um campo de observação.Atentem para a reação do pontepretano quando o time entra em campo. Seja num grande momento ou até numa partida inexpressiva. Sua face se transforma. Toma-se por um transe apenas explicado pela lei do sobrenatural. Muitos até esmagam algumas lágrimas pela simples emoção de curtir seus jogadores adentrarem para uma partida. Fenômeno que não escolhe classe, profissão, credo ou raça. Do médico ao operário todos têm o mesmo sentimento. Como diz o a letra do hino composta pelo genial Renato Silva: ESTANDARTE DESFRALDADO, PRETO E BRANCO É SUA COR, PONTE PRETA VEM PRO CAMPO PRA MOSTRAR O SEU AMOR ! Acho que é isso. Mais que futebol. O carinho e a devoção que muitos só encontram ali !

João Carlos de Freitas

terça-feira, 10 de agosto de 2010

BUGRE RECUPERADO

O Guarani fez uma boa partida contra o Avaí. Se considerarmos que a equipe estava pressionada pelos maus resultados pós-copa, o comportamento não poderia ter sido melhor. Wagner Mancini tem se mostrado muito equilibrado. Administra com cautela os problemas internos, que não são poucos, treina o time até a exaustão conseguindo o máximo de seus atletas e adequa perfeitamente o esquema tático à característica dos jogadores. Não possui um meia especialista na armação, por isso usa quase sempre a força dos volantes Renan e Baiano para reter a bola e conseguir uma transição para o ataque dentro de padrões razoáveis. Mario Lúcio tem boa técnica e quando consegue se impor a qualidade da armação melhora. Ele tem ocupado o lado esquerdo da meia e Baiano até pelas características, é um ex-lateral fica com o outro lado. Paulo Roberto faz um limpador de pára brisa à frente da zaga e cria boas condições para que Careca e Heifner ataquem. Contudo, não é um time brilhante capaz de clarear todas as jogadas para Mazolla ou Xavier. É que quando a bola chega para Mazolla o time se transforma. Ele é acima da média e consegue desmoronar as defesas. Xavier é técnico, contudo precisa se consolidar como o substituto de Roger. É um bom time quando funciona o coletivo. Evidente que tem de se reconhecer o talento de Mazolla e seus companheiros devem jogar pra ele sem vaidades. Vai garantir muitos "bichos".

O campeonato está equilibrado por baixo. Por enquanto apenas Corinthians e Fluminense se desgarraram. Mas para o Guarani isso é bom, porque o excesso de empates entre as equipes permite ao Guarani sempre boas colocações. Se o trabalho não sofrer interferências nefastas, a equipe tem tudo para brigar por uma sul-americana.

João Carlos de Freitas