quarta-feira, 25 de maio de 2011

O PODER DAS MÃOS E O RACISMO

A luta contra o racismo no mundo é  constante. Embora no Brasil não exista discriminação legal contra qualquer credo ou raça, vivemos ainda sob retrógrados preconceitos que diferenciam a convivência e  o espaço em nossa sociedade. Negros, gays, idosos, prostitutas, deficientes de toda natureza, a lista é grande. Contudo uma das evidentes manifestações da exacerbada diferenciação é contra os negros. Basta lembrar que existe até lei para a proteção desse segmento. Por exemplo, a lei dos trinta por cento nas universidades.
O futebol, felizmente, é um espaço seguro e aberto que propicia não só a promoção dos negros como "peritos" na prática, como os integra na apreciação e consumo dos espetáculos. As artes musicais, plásticas, literárias e outras também exibem os talentos sem a preocupação preconceituosa que o mundo atual insiste em reservar!   Entretanto as oportunidades não são equivalentes ou eqüidistantes.  Basta verificar o número de afros que participam na parte nobre da sociedade. O Vasco da Gama foi o primeiro clube de futebol  a reeditar efetivamente e praticar os princípios totais da lei áurea. Em 1923 a agremiação não só se recusou a demitir os negros dos seus quadros como deu um grito de alerta ao mundo racista e preconceituoso,  abrindo suas  portas para que  jogassem e torcessem pelo clube. Hoje é a quinta maior torcida do Brasil e um dos maiores clubes de futebol do mundo.
Para lembrar e celebrar o fato o clube lançou na última terça-feira a campanha “EU ABRO A MÃO ' .  Serão 1923 mãos moldadas num enorme painel, incluindo todas dos jogadores negros de 1923. É um gesto que nos remete à reflexão e aceitação da igualdade. Para nós uma reciclagem e um grito contra o racismo!
A mão estendida  abençoa, espalmada pede e clama, levantada  exalta e agradece e em contato com outra   cumprimenta!  Nos cabe cumprimentar  a campanha do Vasco e seu gesto de 88 anos atrás. Através do PODER DAS MÃOS um grito contra o RACISMO.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A VINGANÇA DO GOLEIRO

O goleiro Bruno da Ponte Preta , talvez tenha sido o recordista de "frangos" nesse campeonato paulista. Nesse ponto a torcida e nós cronistas, aplicamos uma crueldade profunda na análise do fato. É que geralmente preferimos exaltar tais falhas e minimizamos as virtudes do goleiro. Nos esquecemos que ele foi decisivo em muitas partidas do campeonato. Na vitória da Ponte sobre o São Paulo, Corinthians, S. Bernardo e até contra a Portuguesa no Canindé, onde ele não deixou de "engolir" uma homérica penosa.

Gilmar dos Santos Neves, um dos maiores de todos os tempos, dizia que para se tornar um grande goleiro é preciso levar um frango vergonhoso com o campo lotado. Se depender desse pensamento, Bruno está consagrado. Basta lembrar apenas aquele por baixo das pernas contra o Palmeiras. E o estádio estava lotado!

O "frango" é aquela bola em que o goleiro defende antes. Seu raciocínio é para a reposição assim que a bola chegue. Essa é a grande razão apontada pelos treinadores de goleiros. Portanto podemos concluir que trata-se de uma falha de concentração e pouco tem a ver com a tecnica do goleiro. Curiosamente a tese se confirma à medida em que goleiros de tecnica apurada são vítimas desse constrangimento. A poucos dias aconteceu com Casillas, tido como um dos melhores do mundo. Barbosa se queixou a vida inteira da perseguição sofrida durante 50 anos por ter falhado no gol de Gighia na Copa de 1950 aqui no Brasil. Nos custou o título, já que o empate servia à seleção brasileira.

O grande momento para o goleiro se vingar e oferecer a resposta pela sua competência é quando tem penalti contra sua meta. Como a responsabilidade é toda do atacante, é o instante em que a natureza e os "deuses" lhe dão a grande oportunidade! E Bruno a teve. É que na partida contra o São Caetano pelas semifinais da Taça do Interior no campeonato paulista o jogo foi para os penais. Ele defendeu um, que decidiu a sorte a favor da Ponte. E mais que isso: Demonstrou não se abalar por tantas falhas ao longo do campeonato. Está redimido e perdoado! A consagração veio com o gostoso côro da torcida em sua homenagem...BRUNO, BRUNO, BRUNO...Foi uma espécie de vingança contra o frango!

Um abraço a todos!

João Carlos de Freitas