quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CARRETEL, CARRETILHA, LAMBRETA....

Nos tempos de garoto, sob a tutela do querido e inesquecível professor Renato Viscardi, um dos meus grandes prazeres era participar das aulas de educação física. Enérgico, exigente, às vezes amargo no trato com seus alunos. Contudo sua determinação e amor à profissão o faziam diferente. Foram 2 anos  em que jamais esquecerei. Os exercícios físicos e as "aulas" de futebol, onde modéstia à parte me destacava. Eram comum os encontros de futsal entre o meu querido colégio Anibal de Freitas e os outros da cidade. O professor Renato merece um lugar de destaque no meu cantinho de saudade. Gostaria muito de saber por onde anda hoje...
Num desses jogos, entre nós alunos mesmo, me atrevi a tentar um chapéu do tipo carretel. É uma jogada difícil. Tem que envolver o adversário com a bola aérea. A técnica sugere que se prenda a bola por entre os calcanhares e com um dos tornozelos se levante ligeiramente para completar o lance com o outro pé. Quando se bate com o calcanhar na bola ela se movimenta em 180 graus e passa por cima do adversário se transformando em um lindo chapéu, além de clarear a jogada. Tinha visto Kaneco e Manuel Maria, jogadores do Santos executarem o movimento com sucesso.  Tentei e fui feliz. Consegui envolver meu marcador o grande amigo Mirinho. Este inconformado me deu um pontapé quando estava por dominar a pelota do outro lado. Professor Renato puniu o Mirinho, mas me recomendou evitar a jogada para não causar conflitos...
Pois bem, essa jogada está sendo revivida nos pés de Leandro Damião. Fizera contra o Juventude pelo campeonato gaucho e repetiu contra a seleção argentina jogando pelo Brasil em Córdoba. O lance foi lindo. Arrancou merecidos e sinceros aplausos do torcedor argentino. Quase sai o gol. No final, Damião não sabia o nome exato da jogada. Chamou-a de carretilha. Contudo, ninguém sabe o nome correto. Acho até que ainda não foi batizada oficialmente. Para mim fica o nome que aprendi na infância, CARRETEL. 
Leandro Damião tem de continuar a executar a jogada. Além de diferente e bonita, é eficiente. Meu querido professor Renato não vai recomendar o contrário. Mano Menezes ou Dorival Júnior devem incentivá-lo. Na ausência do gol como no jogo Brasil e Argentina, ela pode salvar o espetáculo e servir de referência para que o jogo seja lembrado sempre.
Reconheço que naquele dia o professor Renato tinha razão... Mas tenho certeza que ele adorou a jogada!