quinta-feira, 20 de outubro de 2011

LEMBRANÇAS DO SEO ZÉ

Se vivo estivesse completaria 76 anos de idade neste  19 de outubro. O coração "abacate" do seo Zé Duarte não lhe permitiu seguir um pouco mais. Em Campinas, onde a rivalidade de bugrinos e pontepretanos é levada muito a sério, Seo Zé conseguiu reunir as duas bandeiras no dia de seu velório. No caixão emoldurado por flores e faixas de mensagens de saudade, uma bandeira de cada time. Para um profissional que por tantos anos trabalhou no futebol, talvez tenha sido o maior troféu de sua carreira. O reconhecimento em partes iguais das duas torcidas.
Me lembro do seo ainda jovem, trabalhando como treinador nas categorias de base do Guarani. Naqueles turbulentos anos 60, o sonho de todo garoto era ser jogador de futebol. E numa daquelas tardes de treino dos infantis do bugre, passei a mão na minha chuteira "Gaeta" e me apresentei no Brinco de Ouro para um treino. Os garotos em fila eram atendidos pelo seo Zé. Sentado em uma das escadas de entrada das sociais do estádio ele atendia um a um e sempre dava uma recomendação. No meu caso me sugeriu comer bastante "feijão" e tomar chá de bambú pra crescer e ficar forte! Eu era quase que "raquítico", mas muito habilidoso e rápido com a bola nos pés.
No ano de 1966, comecei a conhecer um pouco mais do trabalho dele. O campeonato juvenil da cidade era empolgante. Tres times eram de muito bom nível: Guarani, Ponte e Mogiana. A Ponte tinha um timaço com o surgimento de Dicá, um franzino e  audacioso jogador vindo da várzea onde jogava pelo Santa  Odila. Mas o Guarani mantinha verdadeiros esquadrões na base. Lindóia, Wilson Campos viriam se profissionalizar mais tarde eram promessas dentre aqueles garotos comandados pelo seo Zé!
A primeira chance como treinador de times profissionais foi na Ponte Preta em 1969. Comandou a chamada "jovem Guarda" da macaca e levou o time de volta à divisão de elite do futebol paulista. Seus atletas costumavam virar "filhos" e acabavam por idolatrar e admirar a figura de Zé Duarte.
Coração "Abacate" foi um apelido dado Peri Chaib. Peri dizia que seo Zé era preto por fora e verde por dentro. Contudo a torcida campineira jamais irá esquecê-lo. Todos gostariam de cortar  bolo e desejar-lhe feliz aniversário. Imortal em nosso coração, esse privilégio fica com os anjos e santos dos céus, que ganharam uma grande figura!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CARRETEL, CARRETILHA, LAMBRETA....

Nos tempos de garoto, sob a tutela do querido e inesquecível professor Renato Viscardi, um dos meus grandes prazeres era participar das aulas de educação física. Enérgico, exigente, às vezes amargo no trato com seus alunos. Contudo sua determinação e amor à profissão o faziam diferente. Foram 2 anos  em que jamais esquecerei. Os exercícios físicos e as "aulas" de futebol, onde modéstia à parte me destacava. Eram comum os encontros de futsal entre o meu querido colégio Anibal de Freitas e os outros da cidade. O professor Renato merece um lugar de destaque no meu cantinho de saudade. Gostaria muito de saber por onde anda hoje...
Num desses jogos, entre nós alunos mesmo, me atrevi a tentar um chapéu do tipo carretel. É uma jogada difícil. Tem que envolver o adversário com a bola aérea. A técnica sugere que se prenda a bola por entre os calcanhares e com um dos tornozelos se levante ligeiramente para completar o lance com o outro pé. Quando se bate com o calcanhar na bola ela se movimenta em 180 graus e passa por cima do adversário se transformando em um lindo chapéu, além de clarear a jogada. Tinha visto Kaneco e Manuel Maria, jogadores do Santos executarem o movimento com sucesso.  Tentei e fui feliz. Consegui envolver meu marcador o grande amigo Mirinho. Este inconformado me deu um pontapé quando estava por dominar a pelota do outro lado. Professor Renato puniu o Mirinho, mas me recomendou evitar a jogada para não causar conflitos...
Pois bem, essa jogada está sendo revivida nos pés de Leandro Damião. Fizera contra o Juventude pelo campeonato gaucho e repetiu contra a seleção argentina jogando pelo Brasil em Córdoba. O lance foi lindo. Arrancou merecidos e sinceros aplausos do torcedor argentino. Quase sai o gol. No final, Damião não sabia o nome exato da jogada. Chamou-a de carretilha. Contudo, ninguém sabe o nome correto. Acho até que ainda não foi batizada oficialmente. Para mim fica o nome que aprendi na infância, CARRETEL. 
Leandro Damião tem de continuar a executar a jogada. Além de diferente e bonita, é eficiente. Meu querido professor Renato não vai recomendar o contrário. Mano Menezes ou Dorival Júnior devem incentivá-lo. Na ausência do gol como no jogo Brasil e Argentina, ela pode salvar o espetáculo e servir de referência para que o jogo seja lembrado sempre.
Reconheço que naquele dia o professor Renato tinha razão... Mas tenho certeza que ele adorou a jogada!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A PONTE VAI SUBIR...

É de gosto do torcedor saber do cronista coisas do outro mundo, previsões que são reservadas apenas para seres possuidores de enorme senso de mediunidade. Muito comum entre nós os adivinhos de plantão... Mãe Diná, Robério de Ogun, Caboclo Guarantã, Pai de Oxalá e uma infinidade deles! Alguns fazem dessa atividade uma excelente fonte financeira... Quando preciso "brincar" com palpites coloco em campo minha querida "Cigana Samantha", personagem que carrego há mais de dez anos e que sempre faço questão de avisar: "Ela nunca erra"...
Crença não se discute e  se transforma em fé quando penetra no fundo da alma e emerge nossos dotes de sobrenaturalismo...virtude que todos temos, mas ainda não conhecemos seus passos para utilizarmos como dom natural, por isso a colocamos no plano do sobre! Já ouvi alguém dizer que foi o homem quem inventou Deus para que ele o protegesse...
  Essa minha previsão não tem nada a ver com adivinhação e muito menos com consultas à extraordinária Cigana Samantha, guru de tantos anos!
 
É que assistindo aos jogos da Ponte Preta e analisando o panorama do campeonato brasileiro da série B, conclui ainda que prematuramente, que uma das quatro vagas para a série A, será da Ponte, senão vejamos:
1-)  Está em segundo lugar na tabela com pontuação apenas abaixo da Portuguesa.
 
2-) Mantém hoje oito pontos longe do quinto colocado, que é o maior adversário da equipe neste momento.
 
3-) Ainda terá mais três jogos para o final do primeiro turno. Pode, portanto virar até com conforto ainda maior na pontuação.
 
4-) Exceção à Portuguesa, não existe nenhum outro time com o nível de regularidade da Macaca.
 
5-) Tem jogado muito bem fora de casa e deverá continuar jogando, até em função da interdição do estádio.
 
(6-) Está em paz e harmonia com sua torcida, os pontepretanos finalmente adotaram a série B como degrau para voltar à elite, coisa que não havia ocorrido nestes cinco anos de série B.
 
7-) Cinco anos de série B ou A é a média que clubes médios como a Ponte permanecem. Vale também para a permanência na série A.
 
8-) Nos anos ímpares a Ponte sempre conseguiu acesso: 1951, 1969, 1989, 1997, 1999... agora é 2011!
 
9-)  Sempre que teve bons meias  conseguiu o acesso - Roberto Pinto e Dicá, Jorge Mendonça, Marcelo Borges e Claudinho, Piá e agora Renato e Renatinho.
 
10-) Se vivo estivesse Nelson Rodrigues diria: _"Estava escrito há mais de mil anos"!
 
Portanto com o devido perdão à "Cigana Samantha" a quem eu não consultei, me atrevo a emprestar esses poderes de previsão e afirmar: A PONTE VAI SUBIR!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

31 DE JULHO DE 1988 - ERA PRA TER SIDO!

Foi, portanto há 23 anos. O Guarani poderia ter se sagrado campeão paulista. Teve tudo a favor. Um time competente, onde estrelas como Evair e Neto brilhavam no cenário nacional, diretoria atenta às coisas do futebol, torcida apoiando e interagindo com a equipe e a decisão novamente no Brinco de Ouro, onde dois anos antes também poderia ter conquistado seu segundo título brasileiro contra o São Paulo. Nesse ponto o débito fica para José de Assis Aragão, um árbitro de conduta duvidosa naquele distante 1986!
O Guarani decidiu contra o Corinthians. No dia 24 de julho, em São Paulo no Morumbi, a primeira partida foi marcada pelo equilíbrio. Contudo um lance histórico marcou o jogo. O gol de Neto, acertando uma sensacional "bicicleta", que calou o Morumbi lotado de Corintianos e arrancou do craque a famosa frase após o gol: _"Eu sou f....", e era mesmo. Neto vivia um grande momento. Com apenas 20 anos, era a grande esperança brasileira para a Copa que viria a seguir em 1990. Mas Lazaroni preferiu Bismark e ficamos apenas nas oitavas contra Maradona e Caniggia, argentinos que nos caçoam até hoje.  
No dia 31 de julho as equipes voltavam para o segundo jogo. O primeiro terminara empatado, graças ao gol de Edson Abobrão no fim da partida. No primeiro jogo, além do golaço de Neto, um personagem que se tornaria histórico também entrara no decorrer do jogo... Viola!
Pois bem, o jogo do dia 31 de julho de 1988, lotou o Brinco. Foram quase 40 mil almas, divididas entre bugrinos e corintianos. O Guarani era o favorito. Tinha um time capaz de vencer. Seria, portanto o batismo do clube com o título estadual, já que dez anos antes fôra campeão brasileiro. Num jogo tático, onde Carbone e Jair Pereira, se desdobravam  para surpreender, o equilíbrio foi a tônica da partida. E a prorrogação era um caminho natural para o desfecho e até a decisão por pênaltis seria lógica.
No primeiro tempo da prorrogação, Wilson Mano domina a bola pela direita e arrisca um chute despretensioso... Desses para se livrar da bola... No meio do caminho ela encontra Viola, que apenas desvia de Sérgio Neri e o Corinthians abre o placar. Ressalte-se que se o bugre empatasse seria o campeão... Mas não conseguiu!
O Corinthians, mesmo com time inferior, saiu-se vencedor e campeão em pleno Brinco de Ouro... O melhor jogador do Brasil naquele momento, Neto, ganhou noticiários apenas por ter se desentendido com Carbone. E assim aquilo que poderia ter sido não foi... Mais uma vez o Guarani perdia um título dentro de seu campo...
Contudo, são memórias de um tempo bom para o futebol de Campinas... Éramos felizes e não sabíamos!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

AO MESTRE COM CARINHO!

Sidney Poitier interpretou o professor Mark Thackeray, filme de 1967 e que tornou-se referência naqueles turbulentos finais de anos 60. No ano seguinte Zuenir Ventura lançaria a polêmica obra literária "1968 - O Ano que não terminou". Refletia com fidelidade a angústia da juventude em buscar mudanças para um mundo desigual e injusto!
1967 é o ano em que nosso Mestre Dicá se torna jogador de futebol profissional.Ele começara um ano antes nos juvenis da Ponte Preta, levado por Renato Righeto e treinado por Carlos Verginelli Neto, o seo Lilo. No início de carrreira Dicá era praticamente um centro avante. Artilheiro, agressivo e ainda por cima talentoso. A virtude da elegância, inteligência e sentido coletivo ele levou pela carreira toda. A agressividade como atacante ficou apenas no início de carreira. Aos poucos se transformou em meia ponta de lança e nos anos 70 consolidou-se como meia armador, o camisa 10 do time.
Dicá jamais teve pretensões de ser Mestre. Menino simples e tímido, nascido , criado e vivido no movimentado e bucólico bairro da Sta Odila, ali pertinho do seminário de padres, onde as coisas do bairro aconteciam. Dicá foi jogador do E.C. Sta Odila com 15 anos. Mirrado, mas lépido, enfrentava os violentos zagueiros da várzea de Campinas. Sempre protegido por Walter Pezão, seu irmão de sangue e filho mais velho do seo Oscar, o pai que também adorava futebol.
O título do filme a que  me refiro, me serve para homenageá-lo sempre que a oportunidade aparece. Procuro não perdê-la, porque para mim Dicá foi o maior jogador que atuou em Campinas. Nunca me envergonhei de reverenciar – lhe idolatria. Acho que deveria patentear a marca, antes que algum aventureiro o faça e se apresente como admirador do Mestre sem ser. 
Nesse dia 13 de julho de 2011, Mestre Dicá completará 62 anos de idade. Formou uma família exemplar,  D.Berenice  uma espécie de seu anjo da guarda, os filhos Rodrigo, Gustavo, Neto e Letícia. Hoje tem nos netos a extensão do seu clã amado. Para ele não existe bem maior que a família.
Querido Mestre e amigo! Suas jogadas jamais sairão da lembrança de quem o viu em ação. Na Ponte, No Santos e até no Paulista por pouco tempo. O futebol brasileiro lhe deve porque não lhe vestiu a verde amarela. Contudo temos por você uma gratidão que só Deus pagará, nossos corações estarão sempre à espera de ocasiões em que lhe possamos reverenciá-lo com o carinho que mereces, como nesse seu aniversário de 62 anos! Parabéns!
João Carlos de Freitas

sexta-feira, 1 de julho de 2011

CARPEGIANI E O PERDÃO!

Foi Jesus Cristo quem trouxe para o mundo o verdadeiro significado do perdão. Antes disso não se conhecia nem a palavra, quanto mais o ato. A elite judaica, apoiada  nos poderes do império romano tratava o pecado como algo irrecuperável. Os pecadores eram classificados como verdadeiros "bandidos" e julgados como demônios vestidos de gente.  Não julgues para não seres julgado. Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra... Foram frases marcantes ensinadas por Jesus e que perduram até os dias de hoje. A lei era olho por olho, dente por dente... E se matava em nome da justiça!
O caso Rivaldo X Carpegiani, nos remete a todas essas reflexões. Estaria o treinador do São Paulo precisando de uma reciclagem de valores? Será que ele entendeu verdadeiramente o sentido do perdão? Entendeu a diferença entre a palavra e o ato? Sim, porque não se perdoa apenas pela palavra... Ela sempre tem de vir seguida do ato. E a atitude de Paulo Cesar é sempre ignorar a importância, ainda que histórica, do ídolo Rivaldo, reconhecido pelo Brasil inteiro e pelo mundo futebolístico como um dos protagonistas da conquista do penta campeonato.
Em Florianópolis Rivaldo poderia ter jogado. Mas o treinador preferiu abrir mão da competitividade pelo título alimentando um sentimento mesquinho e ateu relegando a utilidade do atacante. E ele no banco não se conteve e abriu fogo contra a má vontade do treinador.
Os torcedores sampaulinos viram-se humilhados na goleada frente ao rival Corinthians. 5 a 0. E mesmo assim Rivaldo, na visão do treinador não seria capaz de ajudar os jovens jogadores do tricolor. E assim parece que esse laço está abalado pelo orgulho e mesquinhes de Carpegiani. Enquanto isso quem paga é o São Paulo!
Shakespeare dizia que  "guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra" . Será que Paulo Cesar Carpegiani espera pela morte de Rivaldo?
Um abraço a todos!
João Carlos de Freitas

quinta-feira, 16 de junho de 2011

GOL LEGAL...MAS IMORAL!

Uma das maiores dificuldades dos legisladores e juristas tem sido contemplar simultaneamente os valores morais através da lei. O velho dito permanece em discussão: "Toda lei é moral, mas nem toda moral é lei".  A moral muita vez se confunde com ética, definida como um código de conduta humana do ponto de vista do bem e do mal relativa à uma determinada sociedade ou até do modo absoluto. Pois bem, o jogo de futebol tem além das regras balisadoras o valor do comportamento.
É por isso que nos jogos de futebol no mundo inteiro se exercita a todo momento o chamado "fair Play", divulgado e recomendado pela FIFA. O caso mais comum de fair play é quando um jogador se prostra indefeso e impedido de competir por alguma lesão, contusão ou coisa que o valha. A ética entre os times manda que o detentor da bola naquele instante ao perceber a impossibilidade do advesário seguir competinto, paralise o jogo colocando a bola para fora no caso desta estar em jogo. E todos têm cumprido rigorosamente esse "tratado".

O jogo entre Portuguesa e Guarani seguia muito bem disputado, com o placar de 2 a 2. As regras sendo obedecidas e as equipes se empenhando na busca do resultado. De repente num escanteio que favorecia à Portuguesa o jogador Aislam do bugre, cai combalido na sua própria grande área, no instante de uma cobrança de escanteio pela Portuguesa. O batedor e o juiz da partida perceberam, mas não obedeceram ao "tratado" aqui descrito. Enfim se lixaram para o fair play. Com Aislam alijado da jogada a vantagem do ataque da lusa ficou evidenciada. O escanteio foi batido e o zagueiro Mateus fez o gol de cabeça. De nada adiantaram as reclamações dos jogadores bugrinos. Na verdade o gol valeu... O que não valeu foi a falta de ética do juiz e dos adversários do Guarani!

É portanto verdadeira a afirmativa que o gol da Portuguesa foi LEGAL, mas não MORAL!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

DESPEDIDAS

Não é comum na cultura  futebolística brasileira a realização de eventos para despedida de craques, mesmo que por vezes identificados com seus respectivos clubes ou até seleção. Com o novo mapa quea atual ordem nos impõe, dificilmente algum grande craque fará tanta identidade com o clube. É que eles permanecem por pouco tempo e  a rotação  é inevitável.

Gilmar dos Santos Neves, um dos maiores goleiros de todos os tempos foi homenageado em 1968 ao despedir-se da seleção, onde era referência, numa partida contra a inglaterra. Curioso que esse jogo serviu para sinalizar que Tostão e Jairzinho seriam grande sucesso na copa que viria lá no México. Os sinais se confirmaram!

A despedida de Pelé foi apoteótica. Deixou a seleção em 1971. Era muito jovem ainda, com 31 anos.Foi convocado pelo povo a permanecer  e disputar a copa de 1974. Pelé não atendeu! Foram dois jogos: No Rio contra a Bulgária e em São Paulo frente à Áustria. Tanto no Maracanã quanto no Morumbi a torcida gritava:-FICA, FICA, FICA... Com lágrimas nos olhos o Pelé foi embora!
Zico se despediu do Flamengo e a festa foi monumental. Garrincha, Djalma Santos e Romário tiveram festa de despedida na seleção. Contudo, jamais veremos a comoção que se instalou no estádio La Bombonera do Boca em Buenos Aires, quando Maradona  disse adeus com a camisa da Argentina e do Boca no mesmo jogo. Durante pelo menos cinco minutos a torcida argentina foi ao delírio, idolatrando seu maior ídolo, que por lá se confunde com Deus!

Agora foi a vez de Ronaldo. Talvez o evento tenha sido minúsculo e empobrecido diante da grandeza do craque. O fenômeno era identificado com a seleção. Foi à quatro copas do mundo e o maior protagonista na conquista do penta. O Brasil jogava junto com Ronaldo onde ele estivesse. Como passou a maior parte da carreira no exterior, seus clubes ganharam inúmeros simpatizantes por aqui. PSV, Barcelona, Inter, Real Madrid, Milan possuem verdadeira legião de torcedores por sua causa. Os Corinthianos o adotaram como último grande ídolo , que  também se converteu ao "bando de loucos". 

 A pobreza na festa organizada foi compensada pelo carisma e o espírito que nos junta à Ronaldo. Agora ele pertence ao time do nosso coração e da nossa lembrança. Nesse ponto me permito valer da frase imortalizada por Fiori Gigliotti: _"Ronaldo ficará eternizado no nosso cantinho de saudade"!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

BRINCO DE OURO - 58 ANOS

Minha lembrança efetiva do Brinco de Ouro vem desde 1961. Jamais me esquecerei da primeira partida de futebol profissional que assisti dentro do estádio. Meu tio Miguel tinha um amigo de apelido "faixa branca", por ostentar uma imensa mexa de cabelos brancos, e o acompanhava nos jogos do Guarani  em Campinas. Faixa era bugrino roxo e não titubeou em convidar tio Miguel para assistir ao Santos de Pelé jogar contra o Guarani. Meu tio sabia da minha paixão por Pelé e pelo Santos e me levou à tiracolo para o estádio.

Era um domingo do mês julho no ano de 1961. Fiquei ali nas sociais do lado direito de quem entra. É que Faixa Branca tinha levado uns rojões (permitido naquela época) para saudar a entrada do bugre. Não me esqueço quando ele se apartou de nós e longe da laje que cobre o recinto, riscou o pavio e num pleno regozijo celebrou a entrada dos craques bugrinos em campo. Dimas, Eraldo, Diogo, Tião Macalé, Paulo Leão, Osvaldo...Eram seus ídolos!

O jogo correu.  Pelé fez das suas como sempre e a partida terminou em 1 a 1. Acodeme-me à memória o "fardamento" todo preto de Gilmar. Os goleiros daquela época gostavam de se vestir como Yashim, o "Aranha Negra" da seleção da União Soviética e do Spartak de Moscou. Dimas, goleiro do Guarani, usava um uniforme todo azul escuro e tinha uma elegância de ébano pra jogar! Os gols foram de falta. Pepe abriu o placar para o Santos e Osvaldo empatou no segundo tempo. Faixa Branca  deixou-se invadir por um espírito de exagerada euforia ao comemorar o gol de Osvaldo. Todos queriam vencer o Santos com Pelé e tudo, como se dizia! O empate do Guarani tinha sabor de vitória.

O jogo terminou! A torcida aos poucos foi se diluindo e me coube lançar um olhar já no estádio vazio, com arquibancadas de madeira onde hoje é o gol de entrada e admirar tal qual João Caetano Monteiro Filho... Pensei na frase do criador do nome que batiza o estádio...e falei comigo mesmo  ... É de fato um BRINCO DE OURO!

E pra ser bem fiel ao  coração gostaria muito de comemorar 60, 70, 80 e até cem anos de sua inauguração...Infelizmente a crueldade que as transformações da vida nos impõe não me darão essa imensa alegria, me caberá sempre recorrer  às românticas lembranças registradas na história construída... De qualquer modo sou muito grato a você BRINCO DE OURO DA PRINCESA!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O PODER DAS MÃOS E O RACISMO

A luta contra o racismo no mundo é  constante. Embora no Brasil não exista discriminação legal contra qualquer credo ou raça, vivemos ainda sob retrógrados preconceitos que diferenciam a convivência e  o espaço em nossa sociedade. Negros, gays, idosos, prostitutas, deficientes de toda natureza, a lista é grande. Contudo uma das evidentes manifestações da exacerbada diferenciação é contra os negros. Basta lembrar que existe até lei para a proteção desse segmento. Por exemplo, a lei dos trinta por cento nas universidades.
O futebol, felizmente, é um espaço seguro e aberto que propicia não só a promoção dos negros como "peritos" na prática, como os integra na apreciação e consumo dos espetáculos. As artes musicais, plásticas, literárias e outras também exibem os talentos sem a preocupação preconceituosa que o mundo atual insiste em reservar!   Entretanto as oportunidades não são equivalentes ou eqüidistantes.  Basta verificar o número de afros que participam na parte nobre da sociedade. O Vasco da Gama foi o primeiro clube de futebol  a reeditar efetivamente e praticar os princípios totais da lei áurea. Em 1923 a agremiação não só se recusou a demitir os negros dos seus quadros como deu um grito de alerta ao mundo racista e preconceituoso,  abrindo suas  portas para que  jogassem e torcessem pelo clube. Hoje é a quinta maior torcida do Brasil e um dos maiores clubes de futebol do mundo.
Para lembrar e celebrar o fato o clube lançou na última terça-feira a campanha “EU ABRO A MÃO ' .  Serão 1923 mãos moldadas num enorme painel, incluindo todas dos jogadores negros de 1923. É um gesto que nos remete à reflexão e aceitação da igualdade. Para nós uma reciclagem e um grito contra o racismo!
A mão estendida  abençoa, espalmada pede e clama, levantada  exalta e agradece e em contato com outra   cumprimenta!  Nos cabe cumprimentar  a campanha do Vasco e seu gesto de 88 anos atrás. Através do PODER DAS MÃOS um grito contra o RACISMO.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A VINGANÇA DO GOLEIRO

O goleiro Bruno da Ponte Preta , talvez tenha sido o recordista de "frangos" nesse campeonato paulista. Nesse ponto a torcida e nós cronistas, aplicamos uma crueldade profunda na análise do fato. É que geralmente preferimos exaltar tais falhas e minimizamos as virtudes do goleiro. Nos esquecemos que ele foi decisivo em muitas partidas do campeonato. Na vitória da Ponte sobre o São Paulo, Corinthians, S. Bernardo e até contra a Portuguesa no Canindé, onde ele não deixou de "engolir" uma homérica penosa.

Gilmar dos Santos Neves, um dos maiores de todos os tempos, dizia que para se tornar um grande goleiro é preciso levar um frango vergonhoso com o campo lotado. Se depender desse pensamento, Bruno está consagrado. Basta lembrar apenas aquele por baixo das pernas contra o Palmeiras. E o estádio estava lotado!

O "frango" é aquela bola em que o goleiro defende antes. Seu raciocínio é para a reposição assim que a bola chegue. Essa é a grande razão apontada pelos treinadores de goleiros. Portanto podemos concluir que trata-se de uma falha de concentração e pouco tem a ver com a tecnica do goleiro. Curiosamente a tese se confirma à medida em que goleiros de tecnica apurada são vítimas desse constrangimento. A poucos dias aconteceu com Casillas, tido como um dos melhores do mundo. Barbosa se queixou a vida inteira da perseguição sofrida durante 50 anos por ter falhado no gol de Gighia na Copa de 1950 aqui no Brasil. Nos custou o título, já que o empate servia à seleção brasileira.

O grande momento para o goleiro se vingar e oferecer a resposta pela sua competência é quando tem penalti contra sua meta. Como a responsabilidade é toda do atacante, é o instante em que a natureza e os "deuses" lhe dão a grande oportunidade! E Bruno a teve. É que na partida contra o São Caetano pelas semifinais da Taça do Interior no campeonato paulista o jogo foi para os penais. Ele defendeu um, que decidiu a sorte a favor da Ponte. E mais que isso: Demonstrou não se abalar por tantas falhas ao longo do campeonato. Está redimido e perdoado! A consagração veio com o gostoso côro da torcida em sua homenagem...BRUNO, BRUNO, BRUNO...Foi uma espécie de vingança contra o frango!

Um abraço a todos!

João Carlos de Freitas

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

AMIGOS DE VALINHOS

Gostaria de agradecer ao carinho dos amigos de Valinhos pela publicação abaixo.

Santa Casa recebe o comentarista esportivo João Carlos de Freitas

Foi na última quarta feira, dia 23 que o comentarista esportivo da CBN, João Carlos de Freitas esteve em reunião com a direção da Santa Casa de Valinhos com o objetivo de vincular a imagem do hospital ao esporte.  Por ter no hospital uma excelente equipe de ortopedistas, que lideram e fazem parte do Guarani Futebol Clube, Ponte Preta e agora também da Seleção Brasileira, o consagrado comentarista e cronista esportivo veio a Santa Casa para falar deste projeto e em busca de parceiros para patrocinarem este projeto. Os empresários interessados poderão entrar em contato com a provedoria para maiores detalhes.

Estiveram presentes:

O Dr. Celso Límoli Jr - Diretor Clínico e presidente da AMV-Associação Médica de Valinhos;

O diretor da Defesa Civil de Valinhos e também radialista, Eduardo Matias, amigo pessoal e ex-aluno do comentarista;

O vereador e empresário - Clayton Roberto Machado;

Edilson Bruscalin - Presidente da Asserutil – Associação das Entidades Assistenciais de Valinhos

Sr. Ronaldo da Gravadora IVC ;

Dr. José Roberto Faustino;

O provedor Pr. Hiran A. Pimentel

O sr. João dos Santos Geraldo e demais médicos e empresários interessados no projeto.

Empresário Pablo Cleber Xavier coordenador da nova lanchonete e farmácia na Santa Casa;

Dr. Edson Conti advogado da santa casa;

Dr. Murilo cardiologista da Santa Casa

Edilson Bruscalin
Relações Públicas


sábado, 12 de fevereiro de 2011

VENDA DOS ESTÁDIOS

Existe uma grande diferença nos propósitos das vendas dos estádios de Campinas. Enquanto o Guarani anuncia há cinco anos a venda do Brinco de Ouro, afirmando ser a única alternativa para sua salvação , a Ponte propõe vender o Majestoso como parte da "entrada" na construção da nova Arena. Lamento profundamente que o Guarani tenha que se desfazer do maior símbolo da sua gente. O charmoso e histórico Brinco de Ouro, batismo celebrado por João Caetano Monteiro Filho, que ao olhar para aquele belíssimo monumento afirmou: _Ele é tão lindo que até parece um Brinco. Contudo, os motivos alegados por Leonel Martins de Oliveira podem ser considerados corretos e nesse ponto nos cabe apenas compreender, mesmo chorando a perda. O valor da venda é estimado em 400 milhões de reais!

Quanto à venda do Majestoso devemos exercitar o seguinte raciocínio: O projeto de construção da nova arena está orçado em cerca de 170 milhões de reais. A venda do estádio é estimada em 40 milhões, segundo avaliação do principal interassado a empresa GAFISA. Se arredondarmos esse valor para 200 milhões, verificaremos que ele representa apenas 20% do total estimado. Muito pouco nessa conta feita à grosso modo. Portanto dispor do patrimônio que marca a maior conquista da comunidade pontepretana por essa "bagatela" é no mínimo desconsiderar o suor e esfôrço daqueles torcedores que ajudaram na construção do Moisés Lucarelli há mais de 60 anos. Acho que o povo pontepretano, mobilizado através de uma grande campanha ,seria capaz de repetir a façanha, quando em mutirão ergueu o maior sinal da existência da Ponte Preta. O ESTÁDIO MOISÉS LUCARELLI!

João Carlos de Freitas