quinta-feira, 16 de junho de 2011

GOL LEGAL...MAS IMORAL!

Uma das maiores dificuldades dos legisladores e juristas tem sido contemplar simultaneamente os valores morais através da lei. O velho dito permanece em discussão: "Toda lei é moral, mas nem toda moral é lei".  A moral muita vez se confunde com ética, definida como um código de conduta humana do ponto de vista do bem e do mal relativa à uma determinada sociedade ou até do modo absoluto. Pois bem, o jogo de futebol tem além das regras balisadoras o valor do comportamento.
É por isso que nos jogos de futebol no mundo inteiro se exercita a todo momento o chamado "fair Play", divulgado e recomendado pela FIFA. O caso mais comum de fair play é quando um jogador se prostra indefeso e impedido de competir por alguma lesão, contusão ou coisa que o valha. A ética entre os times manda que o detentor da bola naquele instante ao perceber a impossibilidade do advesário seguir competinto, paralise o jogo colocando a bola para fora no caso desta estar em jogo. E todos têm cumprido rigorosamente esse "tratado".

O jogo entre Portuguesa e Guarani seguia muito bem disputado, com o placar de 2 a 2. As regras sendo obedecidas e as equipes se empenhando na busca do resultado. De repente num escanteio que favorecia à Portuguesa o jogador Aislam do bugre, cai combalido na sua própria grande área, no instante de uma cobrança de escanteio pela Portuguesa. O batedor e o juiz da partida perceberam, mas não obedeceram ao "tratado" aqui descrito. Enfim se lixaram para o fair play. Com Aislam alijado da jogada a vantagem do ataque da lusa ficou evidenciada. O escanteio foi batido e o zagueiro Mateus fez o gol de cabeça. De nada adiantaram as reclamações dos jogadores bugrinos. Na verdade o gol valeu... O que não valeu foi a falta de ética do juiz e dos adversários do Guarani!

É portanto verdadeira a afirmativa que o gol da Portuguesa foi LEGAL, mas não MORAL!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

DESPEDIDAS

Não é comum na cultura  futebolística brasileira a realização de eventos para despedida de craques, mesmo que por vezes identificados com seus respectivos clubes ou até seleção. Com o novo mapa quea atual ordem nos impõe, dificilmente algum grande craque fará tanta identidade com o clube. É que eles permanecem por pouco tempo e  a rotação  é inevitável.

Gilmar dos Santos Neves, um dos maiores goleiros de todos os tempos foi homenageado em 1968 ao despedir-se da seleção, onde era referência, numa partida contra a inglaterra. Curioso que esse jogo serviu para sinalizar que Tostão e Jairzinho seriam grande sucesso na copa que viria lá no México. Os sinais se confirmaram!

A despedida de Pelé foi apoteótica. Deixou a seleção em 1971. Era muito jovem ainda, com 31 anos.Foi convocado pelo povo a permanecer  e disputar a copa de 1974. Pelé não atendeu! Foram dois jogos: No Rio contra a Bulgária e em São Paulo frente à Áustria. Tanto no Maracanã quanto no Morumbi a torcida gritava:-FICA, FICA, FICA... Com lágrimas nos olhos o Pelé foi embora!
Zico se despediu do Flamengo e a festa foi monumental. Garrincha, Djalma Santos e Romário tiveram festa de despedida na seleção. Contudo, jamais veremos a comoção que se instalou no estádio La Bombonera do Boca em Buenos Aires, quando Maradona  disse adeus com a camisa da Argentina e do Boca no mesmo jogo. Durante pelo menos cinco minutos a torcida argentina foi ao delírio, idolatrando seu maior ídolo, que por lá se confunde com Deus!

Agora foi a vez de Ronaldo. Talvez o evento tenha sido minúsculo e empobrecido diante da grandeza do craque. O fenômeno era identificado com a seleção. Foi à quatro copas do mundo e o maior protagonista na conquista do penta. O Brasil jogava junto com Ronaldo onde ele estivesse. Como passou a maior parte da carreira no exterior, seus clubes ganharam inúmeros simpatizantes por aqui. PSV, Barcelona, Inter, Real Madrid, Milan possuem verdadeira legião de torcedores por sua causa. Os Corinthianos o adotaram como último grande ídolo , que  também se converteu ao "bando de loucos". 

 A pobreza na festa organizada foi compensada pelo carisma e o espírito que nos junta à Ronaldo. Agora ele pertence ao time do nosso coração e da nossa lembrança. Nesse ponto me permito valer da frase imortalizada por Fiori Gigliotti: _"Ronaldo ficará eternizado no nosso cantinho de saudade"!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

BRINCO DE OURO - 58 ANOS

Minha lembrança efetiva do Brinco de Ouro vem desde 1961. Jamais me esquecerei da primeira partida de futebol profissional que assisti dentro do estádio. Meu tio Miguel tinha um amigo de apelido "faixa branca", por ostentar uma imensa mexa de cabelos brancos, e o acompanhava nos jogos do Guarani  em Campinas. Faixa era bugrino roxo e não titubeou em convidar tio Miguel para assistir ao Santos de Pelé jogar contra o Guarani. Meu tio sabia da minha paixão por Pelé e pelo Santos e me levou à tiracolo para o estádio.

Era um domingo do mês julho no ano de 1961. Fiquei ali nas sociais do lado direito de quem entra. É que Faixa Branca tinha levado uns rojões (permitido naquela época) para saudar a entrada do bugre. Não me esqueço quando ele se apartou de nós e longe da laje que cobre o recinto, riscou o pavio e num pleno regozijo celebrou a entrada dos craques bugrinos em campo. Dimas, Eraldo, Diogo, Tião Macalé, Paulo Leão, Osvaldo...Eram seus ídolos!

O jogo correu.  Pelé fez das suas como sempre e a partida terminou em 1 a 1. Acodeme-me à memória o "fardamento" todo preto de Gilmar. Os goleiros daquela época gostavam de se vestir como Yashim, o "Aranha Negra" da seleção da União Soviética e do Spartak de Moscou. Dimas, goleiro do Guarani, usava um uniforme todo azul escuro e tinha uma elegância de ébano pra jogar! Os gols foram de falta. Pepe abriu o placar para o Santos e Osvaldo empatou no segundo tempo. Faixa Branca  deixou-se invadir por um espírito de exagerada euforia ao comemorar o gol de Osvaldo. Todos queriam vencer o Santos com Pelé e tudo, como se dizia! O empate do Guarani tinha sabor de vitória.

O jogo terminou! A torcida aos poucos foi se diluindo e me coube lançar um olhar já no estádio vazio, com arquibancadas de madeira onde hoje é o gol de entrada e admirar tal qual João Caetano Monteiro Filho... Pensei na frase do criador do nome que batiza o estádio...e falei comigo mesmo  ... É de fato um BRINCO DE OURO!

E pra ser bem fiel ao  coração gostaria muito de comemorar 60, 70, 80 e até cem anos de sua inauguração...Infelizmente a crueldade que as transformações da vida nos impõe não me darão essa imensa alegria, me caberá sempre recorrer  às românticas lembranças registradas na história construída... De qualquer modo sou muito grato a você BRINCO DE OURO DA PRINCESA!