quinta-feira, 13 de maio de 2010

PARA DUNGA A VOZ DO POVO NÃO É A VOZ DE DEUS!

Em nome da coerência e outros valores óbvios, Dunga não ouviu o clamor popular no fechamento da lista final do elenco que vai à copa. Vamos privar o mundo de assistir talentos raros do futebol Neymar, Ganso e Ronaldinho Gaucho representam a cara do verdadeiro futebol brasileiro. Nós fomos habituados com futebol alegre, artístico, talentoso e ofensivo. A excelente fase de Ganso, Neymar e até Gaucho não foi suficiente para sensibilizar e seduzir o treinador da seleção.  Francisco Sarno, grande treinador nos anos 50 e 60, filósofo do futebol escreveu um livro chamado "Futebol-A dança do diabo". Descrevia as injustiças, as malandragens, os truques que fazem um jogador ou até um time vencedor. É um esporte fascinante porque não obedece a nenhuma ciência, princípio ou tratado. Tem na verdade uma lei reconhecida pelos 5 bilhões de habitantes da Terra que consomem esse esporte, chamado de universal por muitos. Cheio de segredos, encanta pela simplicidade na forma de jogar. É a lei do talento. A maioria dos jogadores de futebol faz a mesmice. Obedece ao treinador, acredita no vigor físico, acompanha alguns manuais e por ai vai. Por ser simples produz alguns diferenciados. São tão poucos no universo total a ponto de serem lembrados e canonizados pela eternidade. Não passam de 50 ao longo de toda história. Desses 50, a maioria nasceu no Brasil, com certeza o povo que mais assimila, pratica e vive o futebol. Por isso o povo entende até os métodos e critérios adotados na formação da seleção brasileira. O povo não queria desmanchar os conceitos de Dunga, nem mesmo interferir radicalmente na sua lista. Queria apenas uma pequena participação. Para se alegrar e exacerbar sua auto estima, via de regra tão baixa. O povo queria Neymar, Ganso e até Ronaldinho Gaucho. Mas já estaria feliz com apenas um destes.
O futebol não gosta de desaforos. Dunga fez um desaforo ao futebol . Atendeu a convicções inexoráveis. Não teve o balanço e o jogo de cintura dos craques. É um mau presságio. Em 70 Zagalo ouviu o povo e escalou a seleção que todos queriam. Foi um sucesso. Em 66, Dias, Carlos Alberto e Djalma Dias foram preteridos, em 78 Falcão ficou de fora, Telê tirou Renato Gaúcho em 86 e Leandro se rebelou, em 90 Neto seria o camisa 10 e Lazaroni preferiu Bismark. Perdemos em todos esses anos. Se Dunga fosse o treinador da seleção em 58, em nome da sua coerência, não levaria Pelé à Copa !!!


João Carlos de Freitas

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