quinta-feira, 15 de abril de 2010

SANTOS F.C. 98 ANOS - "UM APERTO DE MÃO"

Para homenagear os 98 anos do Santos F. C. quero contar uma pequena história, com h mesmo, ocorrida no início dos anos 60.

No bairro jardim 4º centenário de Campinas, vivia um garoto apaixonado por futebol como a maioria dos meninos da época. Eram tempos da brincadeira do jogo do peão de madeira, o perna de pau, bétis, bolinha de gude, banho na pequena lagoa do bairro, até uns lambaris se pescava naquelas águas turvas e cheias de taboa. Os moleques do 4º centenário aprendiam a nadar naquelas águas. Eram jogados ao "deus dará" e saiam nadando. Confirmavam o velho ditado de quando a água bate na bunda a gente aprende a nadar! O jardim 4º centenário passou como belas e românticas recordações! Claro que o futebol era "jogado" nas peladas e discutido também como hoje. Apenas a mídia era excassa. A Gazeta Esportiva, as rádios Excelsior, Bandeirantes, Panamericana e mui raramente a tv Record, que transmitia jogos aos domingos e nos obrigava a freqüentar os bares que tinham aparelhos de tv. A tv Tupi tinha um programa diário de esportes ao meio dia chamado Tele esporte. Portanto não existia tanta facilidade pra se acompanhar futebol. O volume de informações era bem menor em relação aos dias atuais. A revista do Esporte era também boa fonte de informação e deleite. Por ela acompanhávamos o futebol carioca.

Sobre o garoto é que ele era torcedor "fanático do Santos". Fora quase que "convocado" pelo Tio, que era corintiano, a torcer pelo Corinthians. Intimidado, aceitou a idéia até pelos 6 anos de idade. Esse casamento forçado durou pouco tempo. Após assistir aquele fantástico ataque do Santos com e Pelé e cia, não teve dúvidas em aplicar um "adultério clubistico" no seu coração. Se encantou e a paixão foi arrebatadora em favor dos "peixeiros da vila" como eram chamados. Seu tio Miguel não se conformava e com o apoio do pai seo Benedito, foi vítima até de retaliações "familiares" e isso não era bom para o garoto. Parecia estar numa ditadura esportiva, onde a família o condenava por torcer para o Santos. Pois bem, veio o ano de 1963 e o Santos se viu disputando uma final de libertadores. Era contra o Boca Jr. em La Bombonera. O Brasil parou para ouvir o jogo. O garoto ouviu pela rádio Bandeirantes com a locução de Fiori Gigliotti. Ganhar do Boca na Bombonera era tido como "quase" impossível. Receber o reconhecimento do torcedor argentino nem passava pelos critérios da época (aliás, não mudou nada). O Santos saiu perdendo e empatou com Coutinho virando com Pelé em seguida. Foi um êxtase! O Brasil se comoveu e naquele dia o menino fez sua "crisma" como torcedor do Santos. Decidido e feliz era de fato o time do seu coração! À tarde chega em casa o pai. Funcionário da Cia. Mogiana, seu expediente terminava às 6 horas. Era assistente administrativo da cia e gostava muito de futebol. Tinha simpatia pelo Corinthians, mas não reconhecia o Santos por tudo que era. Às vezes achava que o time não tinha bom comportamento, zombava dos adversários, bem parecido daquilo que pensam alguns torcedores de hoje em relação à Neymar, Robinho, André e Ganso. (tidos como gozadores dos adversários). Depois de cumprimentar sua esposa, dona Carmela, seo Benedito procurou pelo garoto que se ocupava da lição de casa e com sinceridade e emoção, ofereceu ao menino um aperto de mão, reconhecendo: _ "Parabéns, o seu time de fato é o melhor!!! E saiu para o banho da tarde e a espera do jantar.


Foi o aperto de mão mais gostoso que recebi na minha vida!!!


João Carlos de Freitas
http://www.blogscbncampinas.com.br/esporte

2 comentários:

Jorge Nicolau disse...

João...Muito legal lembrar essa época...Também fui santista e "virei" pontepretano...Até hoje não me arrependi, apesar de tudo...Porém, assistir atualmente aos jogos do Santos me remete ao que mais me atrai no futebol que é a ousadia e a inteligência.Espero apenas que essa "mágica" não termine ao final do paulista ou copa do Brasil, pois merecemos assistir algo novo(ou será velho?) por mais tempo.

claudia duarte disse...

estive lá na BOMBONERA recentemente e vi a camiusa do SANTOS desse jogo. esta no museu do BOCA a camisa do Pelé e uma foto dele abraçado ao goleiro do BOCA na época!