Para homenagear os 98 anos do Santos F. C. quero contar uma pequena história, com h mesmo, ocorrida no início dos anos 60.
No bairro jardim 4º centenário de Campinas, vivia um garoto apaixonado por futebol como a maioria dos meninos da época. Eram tempos da brincadeira do jogo do peão de madeira, o perna de pau, bétis, bolinha de gude, banho na pequena lagoa do bairro, até uns lambaris se pescava naquelas águas turvas e cheias de taboa. Os moleques do 4º centenário aprendiam a nadar naquelas águas. Eram jogados ao "deus dará" e saiam nadando. Confirmavam o velho ditado de quando a água bate na bunda a gente aprende a nadar! O jardim 4º centenário passou como belas e românticas recordações! Claro que o futebol era "jogado" nas peladas e discutido também como hoje. Apenas a mídia era excassa. A Gazeta Esportiva, as rádios Excelsior, Bandeirantes, Panamericana e mui raramente a tv Record, que transmitia jogos aos domingos e nos obrigava a freqüentar os bares que tinham aparelhos de tv. A tv Tupi tinha um programa diário de esportes ao meio dia chamado Tele esporte. Portanto não existia tanta facilidade pra se acompanhar futebol. O volume de informações era bem menor em relação aos dias atuais. A revista do Esporte era também boa fonte de informação e deleite. Por ela acompanhávamos o futebol carioca.
Sobre o garoto é que ele era torcedor "fanático do Santos". Fora quase que "convocado" pelo Tio, que era corintiano, a torcer pelo Corinthians. Intimidado, aceitou a idéia até pelos 6 anos de idade. Esse casamento forçado durou pouco tempo. Após assistir aquele fantástico ataque do Santos com e Pelé e cia, não teve dúvidas em aplicar um "adultério clubistico" no seu coração. Se encantou e a paixão foi arrebatadora em favor dos "peixeiros da vila" como eram chamados. Seu tio Miguel não se conformava e com o apoio do pai seo Benedito, foi vítima até de retaliações "familiares" e isso não era bom para o garoto. Parecia estar numa ditadura esportiva, onde a família o condenava por torcer para o Santos. Pois bem, veio o ano de 1963 e o Santos se viu disputando uma final de libertadores. Era contra o Boca Jr. em La Bombonera. O Brasil parou para ouvir o jogo. O garoto ouviu pela rádio Bandeirantes com a locução de Fiori Gigliotti. Ganhar do Boca na Bombonera era tido como "quase" impossível. Receber o reconhecimento do torcedor argentino nem passava pelos critérios da época (aliás, não mudou nada). O Santos saiu perdendo e empatou com Coutinho virando com Pelé em seguida. Foi um êxtase! O Brasil se comoveu e naquele dia o menino fez sua "crisma" como torcedor do Santos. Decidido e feliz era de fato o time do seu coração! À tarde chega em casa o pai. Funcionário da Cia. Mogiana, seu expediente terminava às 6 horas. Era assistente administrativo da cia e gostava muito de futebol. Tinha simpatia pelo Corinthians, mas não reconhecia o Santos por tudo que era. Às vezes achava que o time não tinha bom comportamento, zombava dos adversários, bem parecido daquilo que pensam alguns torcedores de hoje em relação à Neymar, Robinho, André e Ganso. (tidos como gozadores dos adversários). Depois de cumprimentar sua esposa, dona Carmela, seo Benedito procurou pelo garoto que se ocupava da lição de casa e com sinceridade e emoção, ofereceu ao menino um aperto de mão, reconhecendo: _ "Parabéns, o seu time de fato é o melhor!!! E saiu para o banho da tarde e a espera do jantar.
Foi o aperto de mão mais gostoso que recebi na minha vida!!!
João Carlos de Freitas
http://www.blogscbncampinas.com.br/esporte
2 comentários:
João...Muito legal lembrar essa época...Também fui santista e "virei" pontepretano...Até hoje não me arrependi, apesar de tudo...Porém, assistir atualmente aos jogos do Santos me remete ao que mais me atrai no futebol que é a ousadia e a inteligência.Espero apenas que essa "mágica" não termine ao final do paulista ou copa do Brasil, pois merecemos assistir algo novo(ou será velho?) por mais tempo.
estive lá na BOMBONERA recentemente e vi a camiusa do SANTOS desse jogo. esta no museu do BOCA a camisa do Pelé e uma foto dele abraçado ao goleiro do BOCA na época!
Postar um comentário